A cena é clássica e já foi usada até
em filmes de Hollywood: a pessoa atravessa a sala, caminhando sobre o carpete
do escritório ou da casa e, ao tentar abrir a porta, leva um choque no trinco.
Muitas vezes, é possível até mesmo ouvir um estalo ou ver uma pequena faísca
saindo do contato entre a mão do sujeito e a maçaneta.
No inverno, algo semelhante costuma
acontecer. Ao retirar uma blusa de lã, é comum ouvirmos uma série de
barulhinhos, como se pequenas descargas elétricas estivessem acontecendo
naquele momento. E acredite: elas estão!
Ambas as situações descritas acima
são causadas pela energia estática, o acúmulo de cargas elétricas na superfície
de objetos e até dos nossos corpos.
Energia estática na prática
A Ciência, por si só, já é divertida.
Mas fica ainda melhor quando podemos colocar a teoria em prática e constatar a
existência de fenômenos físicos. Por isso, antes de cairmos no papo sobre o
átomo e suas partículas, preparamos duas experiências que ajudam a presenciar
os efeitos da energia estática. Vamos a elas!
1. Distorcendo a
água
Com a energia estática é possível
desviar um pequeno fluxo de água de seu curso natural. Para isso, você
precisará de:
- 1 balão de festa de aniversário;
- 1 torneira aberta.
Antes de tudo, encha o balão de ar.
Depois, esfregue o balão rapidamente sobre sua cabeça. Se, por acaso, você
tiver passado no vestibular e estiver careca, friccione o balão contra um
tapete ou uma blusa de lã. O efeito será o mesmo e a superfície do balão ficará
estaticamente carregada.
Depois, abra levemente a torneira,
para que escorra um pequeno filete de água. Ao aproximar o balão da água, é
possível vê-la se inclinando, sendo atraída pela bexiga. Caso a água encoste no
balão, as cargas serão equilibradas novamente e o efeito deixará de ocorrer.
A propósito: se você precisar usar o
mesmo balão para decorar uma sala e estiver sem fita adesiva, pode friccioná-lo
novamente contra o seu cabelo e, depois, encostá-lo na parede do cômodo. A
energia estática se encarregará de manter o balão grudado à parede, como se
estivesse colado.
2. Balões que se
repelem
Cargas opostas se atraem e similares
se repelem. Isso é fácil de constatar com pedaços de ímãs. Mas também podemos
verificar essa regra com a energia estática. Antes, será necessário obter os
seguintes objetos:
- 2 balões de festa;
- um pouco de linha; e
- 1/2 cartolina.
Encha os balões e amarre cada um
deles em uma das extremidades da linha. Depois, friccione os balões em uma
blusa de lã ou no seu próprio cabelo. Ao suspendê-los, segurando-os pelo fio de
costura, eles se manterão afastados um do outro, já que ambos possuem a mesma
carga.
Porém, ao posicionar a cartolina
entre os balões, eles são atraídos pelo papel, que possui uma carga diferente.
Ao retirar a cartolina, os balões voltam a se afastar. O efeito é semelhante ao
do vídeo acima.
Mas afinal, como surge a energia estática?
Para começar, dê uma olhada ao seu
redor. Tudo o que você vê ― e até aquilo que não consegue enxergar, como o ar ―
é composto por átomos. Nós, seres humanos, também não escapamos disso: somos um
amontoado de átomos. E, grosso modo, podemos dizer que os átomos são formados
por três partículas com cargas elétricas diferentes:
- prótons, que possuem carga positiva;
- elétrons, com carga negativa; e
- nêutrons, que não possuem carga.
Prótons e nêutrons se concentram no
núcleo do átomo e, normalmente, não saem de lá. Já os elétrons orbitam esse
núcleo e possuem um pouco mais de liberdade, podendo, inclusive, mudar de um
átomo para outro. Assim, quando um átomo perde elétrons, ele possui mais carga
positiva do que negativa. E aquele que ganha elétrons acaba com mais carga
negativa.
Alguns materiais, chamados de
isolantes, não favorecem a movimentação de elétrons através deles, como o
vidro, plástico ou tecido. Em contrapartida, os materiais chamados de
condutores permitem que os elétrons passeiem livremente por eles. Esse é o caso
dos metais, por exemplo.
Quando dois materiais isolantes
diferentes são esfregados juntos, elétrons são transferidos de um material para
o outro. Quanto mais tempo eles forem esfregados, mais elétrons serão
transferidos e maior será a carga elétrica acumulada pelos objetos. A energia
estática é o acúmulo dessas cargas nas superfícies dos objetos.
O caso do choque na porta
Já ouviu falar de que os opostos se
atraem? Pois, neste caso, a regra é levada muito a sério. Se dois objetos
possuem cargas elétricas opostas, eles se atraem. Caso as cargas sejam iguais,
eles se repelem, ou seja, se afastam um do outro. Com isso em mente, fica mais
fácil entender por que as pessoas podem tomar choque ao abrir a porta.
Ao caminhar sobre um carpete, o corpo
da pessoa acumula elétrons que se desprendem do “chão”. Ao tentar abrir a
porta, essa carga negativa acaba sendo transferida para o metal do trinco, que
é um material condutor. É nesse momento que a pessoa sente o choque estático.
O evento é mais frequente no inverno,
quando o ar está mais seco. Durante o verão, a umidade do ar acaba aliviando a
carga elétrica extra que o corpo humano pode carregar. Por isso, uma das formas
de evitar choques estáticos é manter um umidificador no ambiente.
Energia estática pode danificar seu PC
Apesar de parecer inofensiva, a
energia estática pode causar danos irreparáveis a algo que gostamos muito: os
componentes de nossos computadores. Não é à toa que técnicos que trabalham com
manutenção de PCs se preocupam, constantemente, em se livrar das cargas
acumuladas em seus próprios corpos. Caso contrário, eles podem descarregar essa
eletricidade, sem querer, nos componentes eletrônicos que estiverem manuseando.
Para ter uma ideia de quão
devastadora pode ser a energia, basta saber que uma pessoa chega a acumular uma
carga de 12.000 volts em seu corpo ao caminhar sobre um carpete, sendo que
apenas 10 volts seria o suficiente para danificar um microchip. Felizmente,
essa energia não costuma trazer riscos à vida humana, já que possui baixa
amperagem.
Sendo assim, antes de iniciar a
manutenção em seu PC, lembre-se de se livrar de toda a energia estática
presente em seu corpo. Para isso, você pode encostar suas mãos em superfícies
metálicas não pintadas, como a fonte de alimentação do computador.
Como evitar a energia estática
Mesmo que você não trabalhe com a
manutenção de computadores, pode ser que queira ficar livre dos pequenos
choques ou pelo menos reduzir, ao máximo, as chances de acabar queimando um
pente de memória ou disco rígido ao manuseá-lo. Para isso, existem diversas
dicas que podem ser seguidas para reduzir o acúmulo de energia estática no
próprio corpo.
Para começar, é necessário evitar, ao
máximo, o contato frequente com outros objetos. Afinal, a maneira mais fácil de
ganhar ou perder elétrons é friccionar suas mãos ou pés em objetos como tapetes
e blusas de lã. E por falar em roupas, tente usar sempre peças feitas de fibras
naturais, como o algodão, já que fibras sintéticas (como nylon e poliéster)
costumam acumular mais energia estática.
Já que estamos falando de boa
aparência, cabe mais uma dica: quem costuma secar os cabelos antes de pentear
pode usar um secador com emissor de íons, que ajuda a neutralizar a carga
acumulada nas madeixas.
Além disso, há também as pulseiras
antiestáticas, que podem ser usadas diariamente. Porém, não adianta apenas
carregá-las no pulso: é necessário que elas sejam conectadas a um sistema
de aterramento para que a
energia seja descarregada.
Os mais corajosos podem apelar para
dispositivos emissores de partículas alfa, construídos com polônio. A
princípio, esses dispositivos são inofensivos, mas vale a pena avisar que o
polônio é considerado como o mais letal de todos os venenos. Vai arriscar?
https://www.tecmundo.com.br/ciencia/16339-tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-energia-estatica.htm
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