quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Estudo sugere que centro da Terra é diferente do que se imaginava

 Por Marília Monitchele Atualizado em 21 fev 2023, 17h20 - Publicado em 21 fev 2023, 17h19

 

Representação digital do interior da Terra, dividido em camadas - Nasa/Divulgação

 

Se pudéssemos comparar a Terra com um objeto do nosso cotidiano, ela seria parecida com uma cebola. A estrutura interior do nosso planeta consiste em uma série de camadas concêntricas desde a crosta até o núcleo, que vão se tornando cada vez menores e mais densas. Uma nova análise de seu interior sugere a existência de uma camada mais interna, além daquela que se imaginava o limite interior.

A ideia pode parecer confusa, mas é como se o que imaginávamos ser a última camada de nossa cebola tivesse mais uma camada ainda menor escondida. Esse detalhe pode revelar alguns aspectos novos sobre a história da formação e evolução da Terra, sugerindo um evento global significativo no início da história do nosso planeta.

Já era sabido pela comunidade científica que no interior da Terra havia um núcleo com um raio de cerca de 1.227 quilômetros composto majoritariamente por ferro e níquel, correspondendo a menos de 1% do volume total do planeta. Há mais de 20 anos, no entanto, pesquisadores identificaram a presença de um núcleo ainda mais profundo, que eles chamaram de núcleo interno mais interno. Mas descobrir mais sobre ele ainda é um desafio.

Não podemos simplesmente perfurar a terra da crosta até seu núcleo, então essa parte misteriosa fica protegida por inúmeras camadas. A solução é confiar em ondas sísmicas que se propagam do interior do planeta e que variam conforme a densidade das camadas. Isso não simplifica o trabalho dos pesquisadores, que ainda precisam espalhar as estações sísmicas em lugares específicos a fim de obter resultados mais precisos, o que está longe de ser uma tarefa fácil.

Uma equipe de sismólogos da Australian National University parece ter descoberto uma maneira de superar essas limitações ao conseguir extrair dados de estações de monitoramento sísmico que dizem respeito ao núcleo interno mais interno. Quando, por exemplo, um terremoto de grande magnitude sacode a Terra, o evento gera ondas pelo planeta, essas ondas viajam por suas camadas internas. Foi observando esses movimentos que o estudo detectou o comportamento do novo núcleo terrestre.

Os cientistas sabiam que as ondas sísmicas atingem um limite gerando uma reverberação, como um eco, muito mais fraco. Ao perceberem a passagem planetária dessas ondas, estudos anteriores não detectaram mais que duas passagens desse tipo. O artigo australiano, no entanto, empilhou dados, estabelecendo uma coleção de sinais sísmicos em um único traço. Assim, conseguiram amplificar eventos sísmicos de grande intensidade identificando um número maior de ecos resultando em uma sondagem detalhada do núcleo interno.

Essas diferentes ondulações identificaram que o núcleo interno ainda mais interno não ultrapassa os 650 quilômetros de diâmetro e é composto por um ferro denso. Essa estrutura pode ser o resultado de uma mudança fundamental no crescimento do núcleo interno em algum momento do passado do planeta.

O núcleo interno da Terra é fundamental para a manutenção da vida. Isso porque, à medida que cresce, o processo libera luz e calor, o que impulsiona a convecção do núcleo líquido resultando em um processo de transformação de energia cinética em magnética. O campo magnético criado mantém a radiação prejudicial fora, criando uma atmosfera favorável à vida. Mudanças nesse núcleo podem alterar essa dinâmica e ter implicações na habitabilidade do planeta ao longo do tempo.

 

https://veja.abril.com.br/ciencia/estudo-sugere-que-centro-da-terra-e-diferente-do-que-se-imaginava/

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Como acompanhar a passagem do cometa verde, visível pela primeira vez em 50 mil anos

Até o dia 10 de fevereiro, corpo celeste pode ser observado do Brasil




O primeiro passo para quem quer visualizar o fenômeno astronômico é saber como localizar o cometa no céu

DAN BARTLETT / NASA / AFP


O cometa verde, ou cometa C/2022 E3, que passa pela órbita terrestre a cada 50 mil anos, poderá ser visto do Brasil e em todo Hemisfério Sul até o dia 10 de fevereiro. Antes disso, o corpo celeste foi visto do Hemisfério Norte. 

O professor de Física da Universidade de São Paulo (USP), Roberto Dias da Costa, revelou algumas dicas importantes para quem deseja acompanhar a passagem do cometa verde. Ele é chamado assim por causa de sua coloração esverdeada, resultante da composição química.

 

Como ver o cometa verde

O primeiro passo para quem quer visualizar o fenômeno astronômico é saber como localizar o cometa no céu.

 

— Um observador que estiver no sul do Brasil deverá olhar para o Norte e procurar pelo cometa próximo de uma estrela chamada Capela, a mais brilhante nessa direção — explicou.

O professor ainda revelou que apesar do C/2022 E3 poder ser visto nesta quinta-feira (2), existem dias melhores para acompanhar sua passagem pela Terra:

— Os melhores dias para realizar a observação do Sul são 4 e 5 de fevereiro, já que o cometa estará mais próximo da estrela Capela, e, com isso, seu brilho ficará mais intenso.

Existem também aplicativos, como o Stellarium, que ajudam a achar a localização no céu e a direção do cometa. O astrônomo Filipe Monteiro, do Observatório Nacional, dá outra dica para quem não está acostumado a procurar corpos celestes no céu.

— Uma estratégia que pode ser usada também por iniciantes, bem como os fotógrafos casuais, é tentar fotografar o cometa apontando sua câmera para sua localização aproximada no céu e tirando fotos de longa exposição de 20 a 30 segundos. Ao visualizar as imagens, possivelmente você irá notar um objeto difuso e com cauda. Usando essa técnica, muitos estão conseguindo fotografar o cometa mesmo que não o veja no céu.

 

Iluminação ideal

O astrofísico Roberto Dias da Costa também explica que a iluminação é um fator importante a ser levado em consideração para a visualização de qualquer corpo celeste que passa pela órbita terrestre. Segundo o docente, para uma melhor experiência o observador deverá seguir as seguintes dicas:

·         Escolha locais escuros para realizar a observação

·         Fique em locais sem iluminação artificial

·         Dê preferência para regiões onde há menos poluição luminosa

·         Opte por realizar o avistamento do cometa em dias em que o brilho da Lua não esteja tão intenso


Uso de instrumentos ópticos

Diferentemente do Hemisfério Norte, onde a passagem do cometa pôde ser observada a olho nu, no Hemisfério Sul, os observadores deverão utilizar instrumentos ópticos como binóculo, telescópio e luneta.

 

Produção: Filipe Pimentel

https://gauchazh.clicrbs.com.br/tecnologia/noticia/2023/02/como-acompanhar-a-passagem-do-cometa-verde-visivel-pela-primeira-vez-em-50-mil-anos-cldnfvkef009f014sq0m0ga2g.html

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